quarta-feira, 22 de julho de 2015

Consorciação e rotação de culturas aplicado ao plantio da mandioca

Consorciação e rotação de culturas Os sistemas de cultivos múltiplos ou policultivos com culturas anuais e fruteiras, agroflorestais e agrosilvipastoris tem sido amplamente utilizados nas regiões tropicais, pelos pequenos produtores. A difusão desses sistemas tem como base as vantagens apresentadas pelos mesmos, em relação aos monocultivos, como o de promover maior estabilidade da produção, melhorar a utilização da terra, melhorar a exploração de água e nutrientes, melhorar a utilização da força de trabalho, aumentar a eficiência no controle de ervas daninhas, aumentar a proteção do solo contra erosão e disponibilizar mais de uma fonte alimentar e de renda. Neste contexto, a mandioca é importante como cultura consorte pelo seu ciclo vegetativo longo, crescimento inicial lento, variedades com hábito de crescimento ereto e vigor de folhagem médio, caracterizadando as possibilidades de consórcio, principalmente com culturas anuais. O plantio de culturas associadas nesses policultivos, em uma mesma área, deve ser feito procurando distribuir o espaço da lavoura o mais conveniente possível, buscando uma baixa competição entre plantas pelos fatores de produção como luz, água e nutrientes. Esta distribuição das linhas de plantio dependerá das características agronômicas de cada uma das culturas envolvidas na consorciação, especialmente o ciclo vegetativo, as épocas de cultivo distintas e o porte das plantas. Na Região Centro Sul Brasileira, apesar de boa parte da produção ser obtida de grandes cultivos, com lavouras conduzidas com visão empresarial, é altamente significativo o cultivo realizados por pequenos produtores, em particular, os de assentamentos rurais. Nessas condições onde a força de trabalho, basicamente, é composta pela mão-de-obra familiar, e as áreas são minifúndios, os cultivos múltiplos revestem de maior importância, porque otimizam o uso mais intensivo dos recursos escassos, representados pela mão-de-obra, terra e capital. De um modo geral, as culturas a serem consorciadas ou os sistemas a serem utilizados pelo produtor, são determinados por aspectos econômicos regionais e as próprias atividades produtivas na propriedade. A mandioca pode ser utilizada em policultivos com culturas anuais, perenes, agroflorestas e agrosilvipastotis. Com culturas anuais o arranjo espacial de plantio das linhas de mandioca pode ser em fileiras simples ou em fileiras duplas. Nas fileiras simples recomenda-se a distribuição das plantas em forma retangular com espaçamento de 1,00 a 1,20 m entre linhas e 0,60 a 0,80 m entre plantas, sendo que a cultura intercalar é plantada em fileiras alternadas com as de mandioca. Neste caso, recomenda-se o plantio de uma a duas fileiras da cultura intercalar a depender do porte da cultura. Nas fileiras duplas, a distribuição das plantas é realizada reduzindo o espaçamento entre duas fileiras simples para 0,60 m , deixando um espaço maior (2,00 a 3,00 m) até as outras duas fileiras simples, também espaçadas de 0,60 m; onde o espaçamento das fileiras duplas ficam de 0,60 x 0,60 a 0,80 m x 2,00 a 3,00 m. Sendo recomendado, para este caso, de duas a quatro fileiras da cultura consorciada a depender do porte da mesma. Quanto ao consórcio com cultura perene e em sistemas agroflorestais, as culturas intercalares são utilizadas, além das vantagens já mencionadas, com o objetivo de propiciar retorno econômico durante o período de crescimento das culturas perenes, contribuindo para o custo de implantação das mesmas. Nestas condições, a mandioca é utilizada como cultura intercalar, onde o número de fileiras a ser utilizada estará em função da cultura perene e do espaçamento e arranjo espacial de plantio da mesma. Vale ressaltar, que nos plantios de sistemas de policultivos ou consorciados deverão ser utilizadas as tecnologias recomendadas para cada cultura componente do sistema. Na cultura da mandioca, em condições de Cerrado, a utilização da prática de rotação de culturas, além de outras vantagens, visa principalmente o controle da bacteriose e a depauperação do solo. Assim, recomenda-se que seja realizada pelo menos a cada dois cultivos da mandioca, utilizando outras culturas como gramíneas ou leguminosas para produção de grãos, ou leguminosas para adubação verde, ou deixando a área em pousio. Nesse particular, o sistema de plantio em fileiras duplas da mandioca em consorciação, reveste de importância para pequenas áreas por permitir a rotação das culturas em uma mesma área. Outro ponto a destacar é o aproveitamento da adubação residual realizado pela cultura da mandioca. Por:Kerolly Lopes

Peixes ornamentais

O mercado mundial de peixes ornamentais movimentou cerca de três bilhões de dólares no ano 2000, segundo dados da FAO. A indústria agregada chega a quinze bilhões de dólares. Nos Estados Unidos existem mais de dez milhões de residências com aquários e este país é o principal importador de peixes ornamentais, seguido pelo Japão. Os peixes deste segmento são provenientes da produção em pisciculturas e da pesca extrativa. As pressões internacionais pelo fim da pesca predatória, e o desenvolvimento da tecnologia de cultivo de diversas espécies que outrora só eram obtidas por extrativismo, impulsionam a produção em cativeiro e permitem prever que na próxima década esta se tornará a responsável por mais de 90% dos peixes comercializados. A quase totalidade da produção nacional de peixes ornamentais em cativeiro é comercializada no mercado interno, sobretudo nas grandes cidades da região Sudeste e em algumas Capitais. Nos Estados Unidos existem mais de dez milhões de residências com aquários e este país é o principal importador de peixes ornamentais, seguido pelo Japão. Nos Estados Unidos existem mais de dez milhões de residências com aquários e este país é o principal importador de peixes ornamentais, seguido pelo Japão. O Brasil é um tradicional exportador de peixes capturados na região Amazônica, entretanto a exportação dos peixes oriundos de cultivo é dificultada pela baixa qualidade e falta de regularidade da produção na maioria das pisciculturas. Este entrave não só impede a exportação como deixa de atender os desejos dos aquaristas brasileiros que passam a privilegiar os peixes importados. Alguns produtores perceberam, neste quadro, uma oportunidade de negócios e estão se dedicando a produzir peixes ornamentais de forma tecnicamente correta, dando maior ênfase ao cultivo das espécies mais procuradas pelos aquaristas e não simplesmente daquelas que são de manejo mais simples ou mais prolíficas. Estes produtores possuem características adequadas para atuação no mercado externo, mas diante da elevada demanda interna por peixes de boa qualidade, estão se dedicando ao abastecimento do mercado nacional, obtendo bons lucros e demonstrando a importância de se investir em aquisição de conhecimento. Por : Mylena Panza

domingo, 19 de julho de 2015

Cultivo do Araçá-boi

Descrição da planta
O araçá-boi (Eugenia stipitata) é uma fruteira da Amazônia Ocidental, usualmente cultivada no Brasil, Perú e Bolívia. Este fruto pertence a família das Mirtaceas, que é a mesma da goiaba e jabuticaba. A planta é um arbusto com cerca de três metros de altura, com ramos desde o solo. O fruto tem cor amarelada quando maduro, contém em média 11 sementes e chega a pesar 450 gramas. Aspectos nutricionais Vitamina A 7.75 µg. Cinzas 0,30 µg. Vitamina B 9.84 µg. Lipídios 0,20 µg. Vitamina C 23.30 µg. Carboidratos 8,90 µg. Proteína 0.60 µg. Energia 39,80 kcal Recomendações agronômicas Cresce bem em solos de baixa fertilidade, com pH aproximado de 4,0 a 4,5 e em regiões com chuvas desde 1.700 mm até 3.150 mm anuais, e temperatura média ao redor de 25ºC. Para a produção de mudas podem ser utilizados viveiros rústicos, feitos com estacas de madeiras e cobertos de palha. O leito da sementeira pode ser feito com serragem de madeira, se possível semi-curtida. A semeadura deve ser feita a 1,0 cm de profundidade, com 2,0 cm entre sementes e 4,0 cm entre linhas. Mudas do araçá-boi
A germinação é demorada, iniciando após 3 meses da semeadura, podendo levar até 1 ano para ser concluída. Para abreviar este período, as sementes podem ser descascadas com muito cuidado, com o auxílio de uma lâmina de barbear (ou outra maneira de escarificar), o que reduz o tempo de germinação) para entre 30 a 180 dias. As plântulas podem ser repicadas quando tiverem cerca de 6 a 10 folhas (ou mais ou menos 10 cm de altura), para sacos plásticos e levadas ao viveiro. A irrigação deve ser diária e não excessiva. O plantio definitivo deve ser feito com mudas selecionadas pelo vigor e sanidade. As covas devem ter dimensões de 40 x 40 x 40 cm, utilizando-se 10 kg de esterco de curral ou 3 kg de esterco de galinha já curtido. O espaçamento no campo deve ser de 4m x 4m, o que dará 625 plantas/hectare. Nos 2 primeiros anos não mais será necessário fazer-se adubação. Após este período, indica-se 10 litros de esterco/planta/ano. Quanto ao aspecto fitossanitário, a espécie é muito rústica. Como praga verificou-se a ocorrência de moscas de frutas (Anastrepha spp.), atacando os frutos. O controle deste inseto pode ser feito com o uso de iscas coletoras de moscas e coleta de todos os frutos caídos. Aqueles atacados, que não foi possível utilizar, enterrar a um metro de profundidade. No caso de doenças foi constatada a Antracnose em frutos, causada por Puccinia psidii. Ambos os patógenos podem ser controlados com maior aeração das plantas e puverizadas com fungicidas à base de cobre. Colheita Fruto do araçá-boi O araçá-boi começa a florar e frutificar normalmente após 2 anos do plantio no campo. Com a planta bem nutrida e adequado suprimento de água, floresce e frutifica continuamente o ano inteiro. Quando da máxima produção, devem ser feitas três colheitas por semana, apanhando os frutos ainda na planta, evitando os que caíram no chão, de modo a não depreciá-los. Os frutos de araçá-boi quando maduros são muito delicados, amassando-se com facilidade e portanto, são difíceis de serem transportados por longas distâncias. De preferência, quando se dispõe de uma grande quantidade de frutos, recomenda-se que seja feito o beneficiamento da polpa e que esta seja comercializada congelada. Usos e perspectivas A polpa do fruto é mole e sucosa, de cheiro agradável e de sabor ácido, podendo ser usada para refresco, sorvete, creme e outros. O aroma se perde facilmente com o calor, assim as geléias não mantêm o aroma original da fruta. A espécie apresenta potencial para conquistar um lugar de destaque no mercado nacional e internacional, principalmente como refresco natural, podendo ainda ser comercializada como polpa congelada ou suco engarrafado. Por: Mylena Panza

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Bambu, madeira do futuro

Há milênios, esse material dá forma a casas tradicionais em países como o Japão e a China. Nos últimos anos, pesquisas na construção civil avalizaram sua resistência e durabilidade. Arquitetos do mundo todo redescobriram o bambu e passaram a usá-lo em modernas obras públicas. A necessidade de repensar o consumo de materiais na construção para torná-la mais sustentável do ponto de vista ambiental atrai olhares para a exploração de novas alternativas. E o caso do bambu, visto como a promessa para este século. Pesquisador desse recurso há cerca de 30 anos, o professor Khosrow Ghavami, do Departamento de Engenharia Civil da PUC-RJ, não tem duvidas sobre seu potencial. "Estudei 14 espécies e três delas, em especial, tem mais de 10 cm de diâmetro e são excelentes para a construção", diz ele, referindo-se ao guadua (Guadua angustifolia), ao bambu-gigante (Dendrocalamus giganteus) e ao bambu-mossô (Phyllostachys pubescens). Todos são encontrados no Brasil, onde existem grandes florestas inexploradas de várias espécies. No Acre, por exemplo, os bambuzais cobrem 38% do estado. De crescimento rápido (em três anos, esta pronta para o corte), essa gramínea gigante chama a atenção, a principio, pela beleza. Mas sua resistência também surpreende: de frágil, ela não tem nada. "Sua compressão, sua flexão e sua tração ja foram amplamente testadas e aprovadas em laboratório", afirma Marco Antônio Pereira, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Unesp, em Bauru, que mora ha dez anos numa casa de bambu. O arquiteto Edoardo Aranha, pesquisador da Unicamp, faz coro: "Se tratado adequadamente, ele apresenta durabilidade superior a 25 anos, equivalente a do eucalipto, por exemplo", afirma. Ele se refere aos tratamentos químicos para remover pragas como brocas e carunchos (cupins não se interessam pelo bambu). Além do autoclave, outro procedimento comum chama-se boucherie, em que a seiva e substituída por um composto formado de cloro, bromo e boro. Submergir as varas em água durante 20 dias também produz bons resultados, segundo o pesquisador. PROJETOS PELO MUNDO Fora do Brasil, alguns arquitetos tem apostado no bambu em projetos públicos de traços marcantes, que conciliam natureza e tecnologia num contraste agradável ao olhar. Em Leipzig, na Alemanha, a fachada do novo estacionamento do zoológico municipal foi construída com varas de bambu presas em cintas de aço. Perto de Madri, na Espanha, o Aeroporto Internacional de Barajas surpreende os usuários com seu enorme forro, que torna leve o visual da estrutura de concreto e aço. Em locais como esse, de uso intenso, a opção pelo material e resultado da confiança na sua durabilidade e resistência, já que manutenções freqüentes não seriam bem-vindas. Graças a tratamentos químicos, o amido e retirado, inibindo pragas que poderiam comprometer as varas. Em áreas externas, os produtores recomendam aplicar verniz naval para proteger do calor, do frio e da chuva. Alemanha O fechamento deste estacionamento em Leipzig, inaugurado em 2004, foi todo feito com bambu (Veja a foto na abertura da reportagem). Segundo os arquitetos do escritório alemão HPP Hentrich-Petschnigg & Partner KG, a opção não teve nada de experimental: baseou-se em pesquisas que pipocaram na Europa depois da Expo 2000 em Hannover, onde o pavilhão colombiano, desenhado pelo arquiteto Simón Vélez, empregou essa matéria-prima. POR: Mylena Panza

sábado, 27 de junho de 2015

Fazenda Vertical

A cidade de Jackson Hole, no estado de Wyoming, descobriu uma alternativa interessante para sua produção agrícola fugir do duro inverno norte-americano: um grupo de mulheres resolveu criar uma fazenda vertical em um antigo estacionamento. A estufa chamada Vertical Harvest é a esperança da cidade para uma autossuficiência na produção de ervas e tomates. Funcionando com um sistema em carrossel, a Vertical Harvest é uma estufa que dá às plantações temperatura e quantidade luz necessárias para seu crescimento ideal. Segundo dados da empresa, a meta é produzir até 20 toneladas de tomates na área de 10 por 50 metros do prédio – equivalente a uma área de 23 acres “normais”. Além disso, o trabalho da empresa é muito mais sustentável, já que utilizam apenas 10% da água usada em uma plantação comum e são 100% livres de pesticidas. Para sua “fazenda” dar certo, as fundadoras Nona Yehia e Penny McBride conseguiram auxílio financeiro pelo site Kickstarter e incentivo da prefeitura de Jackson Hole. As duas também têm trabalhado para dar uma chance a pessoas com dificuldades, que vêm plantando e colhendo os frutos da fazenda vertical. Por: Gabrielly Melo

sábado, 13 de junho de 2015

5 dicas para escolher e conservar melhor frutas e verduras


Escolher e conservar as frutas e verduras é um real desafio para os consumidores. Além disso, é um “problema” que se intensifica durante essa época do ano devido ao aumento das temperaturas. Por ser um tema muito complexo - e com especificidades, a Globo Rural, inclusive, já fez um infográfico incrível sobre este tema. Confira aqui!  
Mas agora decidimos reunir algumas dicas mais sucintas e gerais dadas pela Aphortesp (Associação dos Produtores e Distribuidores de Hortifrútis do Estado de São Paulo) para que seus produtos não sejam perdidos nesse calorão de início de ano.

Confira:
1 – Visual

Sempre que escolher as frutas, certifique-se que o seu produto não apresente partes amolecidas, manchadas, mofadas, de cores alteradas, com perfurações ou enrugamentos. 

2 – Timing

Se puder, mantenha-se informado sobre as frutas e legumes da estação. Assim, o produto se adaptará melhor aos seus cuidados, pois são mais econômicos e conservam melhor o nutriente.

3 – Para guardar hortaliças

Quando ficarem fora da geladeira, elas devem ser mantidas com a parte inferior da planta (talos e caules) em uma vasilha com água ou num saco plástico aberto. Mas cuidado, ambas as técnicas só darão certo se estiverem em local bem fresco e por apenas um dia.

Já na geladeira, use um saco de plástico ou uma vasilha tampada, retirando as folhas de acordo com o consumo.

4 – Para guardar frutas

As frutas devem ser mantidas com casca e sem lavar. Essa medida é boa, pois podem ocorrer danos com o fruto no processo de lavagem. Especialistas apontam essa a maior “porta de entrada” para doenças.

5 – Pense no próximo

Uma boa dica – de companheirismo – é selecionar o produto com os olhos e não com as mãos. Assim, a fruta ou hortaliça não fica amassada ou perfurada. “É preciso ter cuidado ao manusear os alimentos, valorizar que aquele produto in natura já foi previamente selecionado para estar no ponto de venda, e se às vezes o tamanho de uma fruta não agrada a um comprador, por exemplo, pode, ao contrário, ser exatamente o que outro comprador procura”, alerta Danilo Duarte, associado da Aphortesp.
Por: Gabrielly Melo

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Técnicas de melhoramento aumentam produtividade


As estratégias clássicas de conservação genética são amplamente utilizados no Brasil, porém verifica-se cada vez mais a necessidade do uso de estratégias complementares que promovam a conservação dos recursos genéticos florestais brasileiros, além de aumentar a produtividade.

Espera-se que a conservação e uso dos recursos genéticos florestais possam através de programas de melhoramento genético contribuir para a diminuição das pressões sobre os ecossistemas florestais e, ao mesmo tempo, aumentar a capacidade de inserção e relevância do setor florestal no Brasil e no cenário mundial, seja pela produção de fibras a partir de florestas de rápido crescimento, seja pela contribuição das florestas nativas, a partir de produtos madeireiros e não madeireiros.

A silvicultura intensiva moderna teve início no Brasil no início do século passado, com o estabelecimento das plantações florestais com espécies exóticas para substituição da madeira das florestas nativas de difícil reposição, principalmente com eucaliptos.

Apesar do primeiro programa de melhoramento genético de eucaliptos, elaborado em 1941, ter sido considerado como um dos mais avançados para a época, as sementes de eucaliptos de melhor qualidade genética disponíveis para plantio, até a década de 1960, eram provenientes de parcelas experimentais ou talões desbastados, mas sem isolamentos contra polens não desejáveis. No conceito atual, essas fontes de sementes seriam algo entre Área de Coleta de Sementes-ACS e Área de Produção de Sementes-APS. De modo geral, os plantios de eucaliptos originados dessas sementes apresentavam alta porcentagem de híbridos (conhecidos como salalbas).

Os primeiros Pomares Clonais de Sementes - PCS's de eucaliptos e pinus foram estabelecidos apenas a partir do final da década de 1960. Esses pomares tinham como objetivo atender à demanda crescente de sementes, tanto quantitativo como qualitativamente, para atender o programa de incentivos fiscais ao reflorestamento. A taxa de plantio anual na época dos incentivos fiscais (1966 a 1986) chegou até 400 mil hectares por ano, o que correspondia a 800 milhões de mudas ou em torno de duas toneladas de sementes de eucaliptos e pinus. As árvores que compunham as APS's e PCS's eram selecionadas fenotipicamente nos melhores talhões existentes ou em plantios experimentais.

No início da década de 1970 foram instalados os primeiros testes de progênies e iniciadas a reintrodução de germoplasmas, com base genética apropriada, de espécies/procedências selecionadas. As atividades relacionadas com a produção de sementes melhoradas de eucaliptos e pinus foram priorizadas nas décadas de 1970 e 1980. Levantamentos da pesquisa florestal em andamento no Brasil realizados pela Embrapa em 1978, 1980 e 1987 (Embrapa, 1987), mostram que a maioria absoluta dos 2043 experimentos em andamento eram da área de melhoramento genético. Esses experimentos incluíam arboretos, bancos clonais, ensaios de espécies, pomares de sementes, testes de procedências, testes de progênies, clonagem, conservação genética, etc.



Produtividade

A ocorrência do cancro basal, causado pelo fungo Cryphonectria cubensis, em plantações de eucaliptos no Espírito Santo provocou a mudança mais significativa observada na eucaliptocultura brasileira e mundial. Em 1979 a empresa Aracruz Florestal estabeleceu a primeira floresta clonal no Brasil. Essas novas florestas clonais eram resistentes ao fungo, homogêneos e apresentavam altos ganhos em produtividade. Aperfeiçoamentos nas técnicas de propagação e seleção incluíram, além do volume, características relacionadas com a qualidade da madeira. A silvicultura clonal proporcionou ganhos de produtividades superiores a 200%.

Com o término dos incentivos fiscais aos reflorestamentos em 1986 inicia-se outra fase na história da silvicultura intensiva no Brasil. Aliado à diminuição dos investimentos no reflorestamento, observa-se um aumento das pressões dos ambientalistas contra o sistema de monocultura usado nos reflorestamentos, e a diminuição do preço internacional da celulose (principal produto industrializado do reflorestamento), provocando reformulações significativas nas empresas florestais para enfrentar a globalização da economia.

Esses fatos ocasionaram mudanças drásticas no setor de pesquisa florestal. Nessa época, muitos grupos de pesquisa, principalmente ligados às empresas florestais foram desativados. Como conseqüência podem ser destacados os seguintes fatos observados atualmente: a) não há sementes de qualidade genética comprovada de Pinus taeda suficientes para atender a demanda de plantios no sul do Brasil; b) os níveis de produtividade permanceram constantes nesta última década; e c) as florestas clonais de eucaliptos plantadas na região tropical tem base genética restrita e, portanto, apresentam altos riscos em relação à sustentabilidade.



Para agravar ainda mais a crise na área de pesquisa em melhoramento genético clássico, o mundo científico começa a tomar contato, nesta última década, com a potencialidade de novas ferramentas proporcionados pela genética molecular. A disponibilidade de organismos geneticamente modificados - OGM's, resistentes a um tipo de herbicida, começam a despertar o interesse do setor florestal em obter florestas clonais formados com OGM's mais produtivos, mais resistentes a fatores bióticos (doenças/pragas) e abióticos (geadas, déficit hídrico), que produzam melhor qualidade da madeira (maior rendimento em celulose, menor teor de lignina, etc).

Apesar do desconhecimento das reais possibilidades de retorno do investimento a curto e médio prazo, os recursos já escassos na área de melhoramento florestal passaram a ser divididos com esses novos interesses, principalmente pelo setor público, que tem priorizado o apoio a essa área na formação de recursos humanos e capacitação de laboratórios em nível nacional.

Além da melhoria da produtividade e qualidade da madeira, dois outros assuntos, altamente ligados ao melhoramento genético, tem despertado o interesse do setor florestal: a) desenvolvimento florestal ecologicamente sustentável e b) efeitos da mudança climática.

O desenvolvimento florestal ecologicamente sustentável é entendido como a habilidade da floresta fornecer benefícios múltiplos a longo prazo, seu papel central nos processos de sustentação da vida e seu valor para o meio ambiente. No caso de florestas nativas, existe a expectativa que o manejo sustentável possa garantir a perpetuação dos valores econômicos, ambientais e espirituais, sem causar mudanças na estrutura e função do ecossistema florestal.

Existe, também, consenso sobre a crescente importância do estabelecimento e manejo de plantações florestais em diferentes condições ambientais, para diferentes finalidades. No entanto, há grupos que defendem que as plantações florestais devem seguir a estrutura e função das florestas naturais, e outros mais pragmáticos, onde a plantação florestal é vista como um agro-negócio que tem que ser economicamente competitivo em relação a outras alternativas de investimentos. O Brasil, a Nova Zelândia, o Chile e a África do Sul seguem esse último modelo.

As altas produtividades observadas nas plantações florestais nesses países resultam da combinação de material genético selecionado (ações de melhoramento genético) e condições ambientais favoráveis (disponibilidade de água, nutrientes e luminosidade). O manejo sustentável dessas plantações se deve, portanto, a alguns fatores chaves, como a manutenção da produtividade biológica a longo-prazo e a manutenção da capacidade ambiental do sítio.

Alguns programas de melhoramento genético já estão incluindo a seleção de material genético mais eficiente na utilização da água e nutrientes do solo, menos sensíveis às mudanças climáticas (mais estáveis).

Entre os aspectos observados nessa última década e que tem contribuído para obtenção de melhores resultados nos programas de melhoramento florestal, podemos destacar:

- uso de instrumental desenvolvido para o melhoramento genético animal e adaptado para aplicações vegetais, visando a análise de dados experimentais e seleção genética de árvores a serem usadas como produtoras de sementes ou fornecedoras de material para clonagem massal;

- visão holística, decorrentes de participação de diferentes especialistas na discussão e definição das estratégias de melhoramento, onde são considerados desde as variações climáticas e de solo, a produção de mudas, a conservação do solo, o método de plantio, o manejo do povoamento, a proteção contra pragas e doenças, a colheita e as demandas qualitativas do mercado ou consumidor final.

- integração de aspectos de manejo e de melhoramento para a produção de um produto final específico, com base no desenvolvimento de projetos multidisciplinares



Melhoramento

De modo geral, e com raríssimas exceções os esforços mais significativos de produção de sementes geneticamente melhoradas realizados no Brasil até o momento, foram canalizados para as espécies dos gêneros Eucalyptus e Pinus. Entre as exceções podemos destacar o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia) e a erva-mate (Ilex paraguariensis). Estas foram consideradas as espécies da floresta com Araucária (Floresta Ombrófila Mista) com maior potencial para uso em reflorestamentos econômicos, e tem sido objeto de estudos da UFPR/FUPEF, Embrapa Floresta, e empresas privadas no sul do Brasil, existindo inclusive, disponibilidade de sementes de Área de Produção de Sementes - APS's e, num futuro próximo, disponibilidade de sementes de Pomar de Sementes por Mudas - PSM.

Este cenário de um pequeno número de espécies nativas sendo alvo de pesquisas de melhoramento florestal reflete o baixo nível de investimento em P&D tanto pelo setor público como privado. Por outro lado nas últimas décadas tem se observado a crescente demanda por sementes de essências nativas (estimativas do IPEF quanto à demanda anual de sementes de nativas é de aproximadamente 10 ton durante o período entre 2000-2004). Infelizmente a produção de sementes (estimada em 7 ton) não tem atingido a demanda, e além disso nem sempre a qualidade genética dos materiais utilizados é garantida, ou seja a partir da coleta de sementes em populações amplas e propriamente identificadas.

Como recomendações deve-se observar -

- Uso das ferramentas quantitativas (estimativa de parâmetros genéticos);

- Manuseio e armazenamento de sementes, inclusive com a agregação de valor pela qualidade fisiológica das sementes;

- Certificação das áreas de produção de sementes;

- Uso de marcadores genéticos para estudos de diversidade genética e seleção assistida;

- Implantação de estratégias de conservação através do uso;

- Papel da diversidade genética para minimizar os potenciais impactos de mudanças climáticas (longo prazo).



Recursos genéticos florestais

Existem duas metodologias para a conservação dos recursos gen~eticos florestais: a) conservação in situ e, b) conservação ex situ. Com exceção de algumas, como o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia) a maioria das espécies florestais incluída na relação das espécies em extinção, ou de interesse para conservação, são espécies nativas, perenes, de grande porte, e cuja sustentabilidade silvicultural é complexa ou desconhecida.

Para essas espécies, a melhor metodologia é a conservação genética in situ. Como a conservação in situ é realizada através da manutenção de uma população em condições naturais, atualmente a única forma de garantir sua efetividade a longo prazo é através de estabelecimento das diferentes modalidades de Unidades de Conservação-UC's, como Parques (Nacionais, Estaduais ou Municipais), Reservas Biológicas, Reservas de Patrimônio Privado Natural, etc.

No entanto, como grande parte dos RGF de interesse para conservação estão em pequenas e médias propriedades rurais, onde a prioridade é garantir a subsistência de seus proprietários, o desafio a curto prazo é desenvolver metodologias de manejo onde seja possível a conservação pelo uso.

Por: Kerolly Lopes